A História constrói-se de momentos, de factos, de pessoas, de emoções e revoluções. Assim sendo, o dia 4 de Junho de 2011 ficou na História do Carmo.
O I Carmicoque marcou de forma extraordinária o coração de todos os que trazem o Carmo no coração e Santa Teresa e São João da Cruz no pensamento e no coração.
Começar com muita determinação foi o tema escolhido e com essa inspiração preparamos o I Carmicoque.
Com muita partilha, com muita entreajuda, com muita boa vontade, com muitos emails trocados e muita falta de tempo, lá nos conseguimos organizar. Descobrimos, entretanto, uma coisa maravilhosa: às vezes, é possível, tornar a nossa agenda elástica e fazer triliões de coisas ao mesmo tempo, bem feitas (está claro!) porque o nosso coração está apertadinho e quentinho pela amizade que nos une (ainda que eu seja uma gotinha muito recente, já me sinto em casa) e o aconchego de Nossa Senhora do Carmo. Queríamos preparar um dia único. Um dia que marcasse para sempre. Um dia que deixasse vontade de repetir. Um dia que aquecesse também o coração de todos os pais e mães que participam no Carmo Jovem.
O I Carmicoque foi um encontro de papás e de mamãs, de meninos e meninas que, pela primeira vez puderam participar juntos nas actividades do Carmo Jovem, neste caso numa Carminhada.
O dia nasceu com um sol amarelo do mais amarelo que possam imaginar. Uma leve brisa passava entre os arcos dos claustros do convento do Carmo e aligeirava o calor. Ali seria um dos centros de operações das actividades daquele dia. As 9h chegou a equipa organizadora: Maria João, Joana Costa e Ana Caramez, que trazia consigo as suas duas pulguinhas, a Ana Carolina e Matilde. Logo a seguir chegava o Élsio e a Glória, mais o simpático Dinis. Aos poucos e poucos, os claustros encheram-se de uma alegria contagiante, de passarinhos a voar e a cantar e a lalar. Os habitantes do convento e as suas vetustas pedras foram acordados pelos gritos e risinhos, pelas correrias e birras de um grupo de crianças que não sabia bem ao que vinha mas sabia que ia ser fixe.
De vários locais – Aveiro, Avessadas, Caíde, Gafanha, Ílhavo, Mangualde, Viana – chegaram simpáticos casais com os seus rebentos e com uma grande curiosidade sobre o que iria acontecer. Podiam ter optado por um bom dia de praia ou mesmo pelo sossego do lar, mas aceitaram este desafio, vieram e ainda bem! Sem todos vocês, o dia não teria sido tão especial. Por isso, desde já vos digo: obrigado Papás, obrigado Mamãs.
Após as apresentações, os pequenos príncipes e princesas foram agraciados com a faixa do movimento Carmo Jovem. Mas não era uma faixa qualquer, não! Era uma faixa feita à medida dos pequenos infantes mas com o mesmo significado das faixas que os seus pais orgulhosamente usam nas Carminhadas. Uma faixa azul, de um azul celeste glorioso como estava o dia 4 de Junho.
A segunda maravilha ocorreu com a chegada de alguém muito especial ao Movimento. Um alguém que foi identificado com a Santa Teresinha. Mas não sendo a Santa, foi com certeza uma presença abençoada por Deus. Foi recebida assim, por uma das meninas mais reguilas: – Tu és Santa Teresa? Não, não era, mas ajuda a identificar quem era e a razão de tanta surpresa, sobressalto e alegria para a maioria. Sim, que bela e tão bem guardada surpresa!
Este ano foi assim! Para o próximo outra surpresa especial nos visitará, tenho a certeza.
De seguida, os convivas apreciaram um simpático teatrinho: uma joaninha muito vermelhinha com belas pintas negras narrou alguns passos da história de S. Teresinha do Menino Jesus. Os pupilos conheceram ainda o pai Luís e a mãe Célia, as quatro irmãs, o patusco Tommy e ouviram falar da forma calorosa com que Teresinha recebeu Jesus na sua vida. Tocante, sinceramente!
Dos claustros, o grupo foi convidado a participar na Eucaristia do Carmicoque na capela que recebeu nessa mesma cerimónia, o nome de Stilla Maris. A partir de agora, os papás e as mamãs, todos os meninos e meninas, têm um lugar especial no Convento do Carmo. Ali encontrarão sempre uns amigos especiais: Jesus, Santa Teresinha e Nossa Senhora do Carmo. E também podem contar com outros, saídos dos livros coloridos, num ambiente que pretende ser um misto de Céu e de mundo encantado, lugar próprio para crianças.
A celebração evidentemente que não foi igual às outras, pois claro que não! A capela foi rigorosamente preparada para os receber, com um cenário acolhedor e ternurento. Digamos que foi preparado tal como uma mãe prepara um quarto para um filho recém-nascido. Porque queríamos que os nossos príncipes e princesas se sentissem aconchegados na Casa de Deus. Porque queríamos que soubessem que participar na Missa é bom. Porque queríamos que conhecessem Jesus e soubessem que também foi menino de colo e que Nossa Senhora os embala como embalou o seu Menino. Porque queríamos que, de futuro, aprendam com Jesus e com Nossa Senhora como o que de melhor se pode aprender com um Mestre.
Na medida do possível, as crianças e os pais ouviram as palavras do Frei João. Digo na medida do possível porque, de vez em quando, um pequenote dava asas à imaginação e barafustava.
A cerimónia foi animada pela música do Tozé e a voz melodiosa da Elsa. São uma família de Aveiro que já se inscreveu para o II Carmicoque, o que muito nos alegra por causa da sua simpatia e paciente alegria que emprestam à celebração! Muito obrigado!
Mais uma vez todos ficámos envoltos num manto de esperança e de ternura, de Amor e de Fé, de Amizade e Partilha. E algumas lágrimas, sim também houve… mas lágrimas de coração apertadinho de emoção.
Seguiu-se o almoço, faustoso e reconfortante, com boa conversa e convívio. Mas algo mais extraordinário viria a seguir: a Carminhada ao Jardim de Viana.
Em filinha, liderados pelo Cajado e pela Cruz, carminhámos até ao jardim público da cidade e montamos a tenda numa relvinha verdinha, porque estava na hora de fazer o registo da peça de teatro.
Os príncipes e princesas, pequenos reis e rainhas deste dia especial, desenharam o que de mais marcante registaram na memória a propósito da história de Santa Teresinha. E que belos Picassos nós temos! Nas folhas brancas de papel nasceram magníficos desenhos para espanto de todos e para júbilo dos pais. Uma exposição se há-de fazer destes trabalhos! Os pequenos perceberam a história e fixaram-na, pelos menos os intervenientes principais.
Porque a chuva ameaçava, regressámos por onde viemos, sempre com a vigilância dos pais e a supervisão do Tio Frei João.
Fomos à Capela Stilla Maris, rezámos, consagramo-nos a Nossa Senhora do Carmo e agradecemos o dia magnífico que vivemos. E não saímos sem prometer repetir para o ano, no primeiro Sábado a seguir ao primeiro dia do mês de Junho. Está marcado. O Frei João presenteou-nos com a imposição do Escapulário do Carmo, explicando-nos o significado do mesmo e, claro, contribuindo com este acto para o borbulhar de mais umas lágrimas entre os presentes.
O dia já ia alto. Os petizes davam alguns sinais de cansaço e os pais também.
Seguiu-se o lanche e o regresso a casa. E despedidas calorosas com a promessa de regressar ao Carmo rapidamente. E ainda lá estávamos e já sentíamos saudades porque no Carmo é assim. Depois de chegar não se quer sair, depois de conhecer só se quer aprender mais. Digo-vos eu que sou recém-chegada.
Depois do I Carmicoque só se pensa no II Carmicoque.
(Ana Margarida Caramez, Viana do Castelo)